Uma pergunta que em algum momento ocorreu na sua vida acadêmica ou profissional foi: qual a origem das bactérias em um dente traumatizado? Como isso acontece?
Sabe aqueles casos onde após um longo período de acompanhamento de trauma, evidenciamos na radiografia uma lesão periapical? Sem fratura coronal, sem exposição pulpar… Neste artigo vamos discutir um pouquinho sobre o que literatura nos apresenta neste assunto!
Geralmente, quando temos uma lesão cariosa (agressão) esta infecção se origina da coroa para o ápice, já na lesão traumática, a agressão pode ocorrer em qualquer estrutura: diretamente na polpa, ápice radicular, cemento, ligamento periodontal ou osso, ou uma combinação destas.
Muitas vezes o próprio impacto favorece o rompimento do feixe vásculo-nervoso, em alguns casos, temos fraturas de coroa ou raiz, avulsão, o que favorece a entrada direta de micro-organismos, e os dentes que se mantém intactos?
Um dos primeiros conceitos é que a colonização se dava através da via anacótica, ou seja, as bactérias que circulavam pelo sangue encontravam no tecido isquêmico o local perfeito para a colonização, dando origem às lesões. Os estudos mais recentes sugerem que a colonização se dá através das bactérias do sulco gengival e cavidade oral; estas bactérias atravessam túbulos dentinários, canais acessórios, trincas e ao se depararem com uma polpa lesionada com baixa capacidade de resposta devido ao trauma sofrido, colonizam este espaço e em poucas semanas já constituem um biofilme maduro.
Outro fator a ser considerado é a lesão sofrida pelo cemento, que favorece tanto a invasão bacteriana, como a resposta a reabsorção externa, de origem infecciosa ou não. Sabemos que este diagnóstico precoce da viabilidade da polpa e o tratamento é especialmente difícil em crianças, mas ter o conhecimento da biologia do processo, certamente ajudará a tornar a decisão clínica mais assertiva.
E agora? Descobriu a origem das bactérias em um dente traumatizado?
Referência: Fouad AF. Dent Traumatol. Microbiological Aspects of Traumatic Injuries. May, 2019. doi: 10.1111/edt.12494.
Por Carla Pereira.