Você, Odontopediatria, sabe qual a relação de lesões cervicais não cariosas com sua especialidade? Será mesmo que em pacientes jovens, ou seja, suas crianças que já estão adolescentes, podem já apresentar recessões gengivais, cavidades na região cervical e hipersensibilidade dentinária?
A resposta é SIM, se você que atende esse público diz não ter nenhum paciente com essas queixas, muito provavelmente está faltando atenção no diagnóstico.
Escutamos muito na Odontopediatria a frase “é importante a PREVENÇÃO e não esperar para focar no TRATAMENTO”. Será mesmo que você sabe fazer a prevenção desses tipos de lesões?
- O que é “lesão cervical não cariosa”
- Como diagnosticar uma “lesão cervical não cariosa”
- Como tratar uma “lesão cervical não cariosa”
- Checklist de anamnese
O que é “lesão cervical não cariosa”
Ter uma “lesão cervical não cariosa” é ter uma cavidade na estrutura dental localizada na região próxima da gengiva, ou seja, região cervical do dente, e que não ocorreu como consequência da doença cárie, mas sim por outros fatores. A cavidade por “cárie” ocorre quando há acúmulo de carboidrato fermentável por longo período de tempo e o ácido produzido causa a desmineralização da estrutura do esmalte e depois da dentina.
Lesão cervical não cariosa aumentou muito sua frequência nos últimos anos (2023) e é considerada a doença bucal mais incidente da nossa geração (2023) junto com a Hipersensibilidade dentinária cervical. Tem a prevalência de 5 a 85% (muito variável), média de 46,6%, está mais relacionado a idades mais avançadas devido a utilização da estrutura dental (fisiológica e/ou problemas de oclusão), os dentes mais acometidos são os pré-molares.
Como diagnosticar uma “lesão cervical não cariosa”
Um bom começo para diagnosticar corretamente é fazer o diagnóstico diferencial entre: recessão gengival e lesão cervical não cariosa.
Recessão gengival: margem da gengiva está deslocada, porém sem perda de estrutura dentária (esmalte e/ou dentina).
Lesão cervical não cariosa: perda da estrutura de esmalte e/ou dentina na região cervical.
Além disso, saber a ETIOLOGIA dessa lesão é de extrema importância. Como fazer isso? A resposta é simples: OUVINDO o paciente. Isso mesmo, precisamos ter tempo de consulta para perguntar, questionar, somar fatores, ir montando um quebra cabeça.
Por ser de ETIOLOGIA multifatorial, é necessário saber dos 3 principais pilares:
Tensão: fatores endógenos, fatores exógenos.
Fricção: fatores exógenos (escova dental muito rígida e creme dental abrasivo).
Biocorrosão : fatores endógenos (refluxo, ex. suco gástrico, PH salivar básico), fatores exógenos (bebidas ácidas).
Outro ponto importante para o diagnóstico é saber qual é o formato dessas cavidades e a região. As cavidades são em formato de cunha e na região cervical no dente atingido, pois essa região é onde tem a maior tensão mecânica e devido ser a região mais frágil mais frágil do dente, ou seja, pouca estrutura dental pois o esmalte é mais fino, acontece a ruptura da estrutura. Assim, a intersecção desses fatores fará você fechar o pensamento.
Como tratar uma “lesão cervical não cariosa”
A forma de tratamento de uma doença multifatorial como as lesões cariosas é algo mais complexo do que indicar apenas UM tratamento específico. Antes de qualquer restauração, é preciso DIAGNOSTICAR e REMOVER os fatores etiológicos, caso contrário, qualquer restauração irá falhar médio ao longo prazo.
Mas sim, o melhor material para restaurar esse tipo de lesão é a RESINA COMPOSTA porém NÃO DEVEMOS NEGLIGENCIAR as etapas do protocolo que o material exige!
Checklist de anamnese
Atenção, de brinde para quem chegou até aqui na leitura, está disponível um CHECKLIST para Lesões cervicais não cariosas: Fatores de alerta!!
Este checklist tem o intuito de auxiliar você nas perguntas mais importantes que devemos fazer para os pacientes com queixa das famosas “retrações gengivais e sensibilidade dentária”:
- O seu paciente passou por tratamento ortodôntico? Odp SIM!
- Seu paciente “range ou aperta os dentes”? Hábitos parafuncionais: apertamento dental. Odp SIM (telas, crianças ansiosas, sono agitado)
- Seu paciente tem relato de refluxo gástrico? Gastrite ou gás (famoso “arroto”).
- Seu paciente é atleta (amadores ou profissionais)? Exemplo: triátlon. Odp SIM (muita atividade balé, futebol)
- Seu paciente é usuário de substâncias ilícitas? Odp Não!
- Como está a alimentação do seu paciente? Na Odontopediatria pedimos o “relatório alimentar”. Odp SIMMMMM muita alimentação “fácil”.
Agora te convido a acessar o curso totalmente online do professor Paulo na nossa plataforma www.academiadaodontologia.com.br. Aproveite!
Escrito por Carla Pereira
