Quando indicar a remoção dos terceiros molares? - Academia da Odontologia
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Odontopediatria

No texto de hoje iremos conversar sobre a relação entre a remoção dos terceiros molares e a odontopediatria. Os dois assuntos apresentam uma forte relação, pois normalmente são esses profissionais que acompanham os pacientes ao longo da vida. Por esses motivos, eles devem saber quando indicar para o paciente o momento certo para realizar a remoção desses dentes. Afinal, como odontopediatra, você sabe quais são os critérios clínicos/radiográficos que indicam a remoção dos terceiros molares? Vamos conversar um pouco sobre esses critérios de indicação.

1. Prevenção da doença periodontal

O  periodonto corresponde a estrutura de suporte e sustentação do dente (osso alveolar, ligamento periodontal, tecido gengival e cemento), enquanto que a  periodontite é uma doença inflamatória iniciada pelo biofilme microbiano oral. Portanto, para que a periodontite se manifeste, é necessário a presença do biofilme microbiano. Em algumas pessoas, esse biofilme vai gerar um processo inflamatório mais potente, gerando perdas de tecido mais expressivas, quando comparado a outras pessoas. Alguns terceiros molares, devido à sua posição, podem favorecer o acúmulo de biofilme e consequentemente pode gerar o desenvolvimento de uma doença periodontal no futuro. 

As situações clínicas que podem favorecer o desenvolvimento da doença periodontal são: 

A. Terceiro molar erupcionado/semi-erupcionado: principal fator de possibilidade de gerar uma doença periodontal é o acúmulo de alimentos na região interproximal, pela dificuldade de higienização da região. Adicionalmente a isso, dentes irrompidos adjacentes aos dentes impactados estão predispostos à doença periodontal, pois forma-se um nicho de difícil higienização entre esses dois dentes. 

B. Terceiro molar incluso: a simples presença de um terceiro molar impactado adjacente aos segundos molares já reduz a quantidade de osso na face distal destes. Então, uma doença periodontal nessas condições já se torna mais grave, pois já existe uma perda óssea pela proximidade com o dente adjacente. 

2. Prevenção de cárie

Devido à dificuldade de higienização, quando há um tecido gengival recobrindo parte da coroa, favorecendo o acúmulo de alimento. Além disso, as lesões de cárie podem aparecer no próprio terceiro molar, ou ainda aparecerem no segundo molar, em decorrência de uma impacção de um dente com o outro, dificultando a higienização na região proximal. 

3. Prevenção de pericoronarites

Afinal, no que consiste a pericoronarite? A pericoronarite é uma infecção do tecido mole ao redor da coroa de um dente parcialmente impactado.  Para que a pericoronarite aconteça é necessário ter essa comunicação com o meio bucal, onde as bactérias presentes nesse meio contaminam esse tecido ao redor do dente (por baixo dele, entre a gengiva e o dente), causando essa infecção. A imunidade do paciente também influencia. Se a imunidade baixar, uma infecção que pode estar crônica, pode se tornar aguda (pericoronarite).  

São sinais e sintomas da pericoronarite: 

» Dor provocada/espontânea 

» Edema local/facial 

» Sangramento/pus 

» Dificuldade de mastigação 

» Dificuldade de abertura de boca 

» Febre 

» Enfartamento ganglionar  

4. Prevenção de reabsorção do dente adjacente

As reabsorções dentárias representam o processo de desmontagem dos tecidos odontogênicos mineralizados pela ação de células ósseas sobre as superfícies, quando as estruturas de proteção dos dentes em relação à remodelação óssea são eliminadas, especialmente os cementoblastos e restos epiteliais de Malassez (Consolaro, 2011).  O ligamento periodontal e os cementoblastos presentes na raiz servem como proteção para o dente, para que as células ósseas não reabsorvam essa raiz. Quando ocorre um dano nessas estruturas de proteção, as células ósseas começam a reabsorver essa raiz. Um terceiro molar impactado no segundo molar, pode causar a destruição dessas estruturas de proteção.  A remoção dos dentes impactados pode resultar na salvação dos dentes adjacentes por reparação cementária, quando o processo de reabsorção não for tão grave.  Na maioria dos casos a reabsorção é um achado radiográfico, já que o processo de reabsorção é assintomático. 

5. Prevenção de cistos e tumores  

Cistos e tumores odontogênicos podem se formar associados a dentes inclusos. Apesar do folículo dental manter seu tamanho original na maioria das vezes, ele pode passar por degeneração cística e se transformar em um cisto odontogênico ou tumores odontogênicos podem surgir do epitélio dentro deste folículo. O folículo precisa existir ainda para surgir um cisto ou tumor.  Ao exame radiográfico, se o crescimento do folículo pericoronário já ultrapassa 3mm, esse aumento de volume já deve ser levado em consideração. 

6. Tratamento de dores misteriosas

Considerado algo subjetivo e polêmico. Algumas pessoas apresentam dores na face e mandíbula, que não cessaram com outros tratamentos. A remoção do terceiro molar é uma tentativa para fazer a dor desaparecer.

7. Prevenção de fratura de mandíbula

A prevenção para casos de fratura é feita em pacientes com siso incluso associado a um biótipo ósseo mais fino, com maior risco de ocorrer fratura em casos de traumas nesta região. 

8. Indicação ortodôntica

Casos em que o paciente está em tratamento ortodôntico e há uma necessidade em distalizar o segundo molar, necessitando de espaço. Ou então, quando o terceiro molar está atrapalhando a rota de erupção do segundo molar, indica-se a remoção.

E a’1? Conseguiu esclarecer melhor a importância de indicar corretamente a remoção dos terceiros molares? Sendo o odontopediatria o profissional que acompanha o paciente desde a infância, é comum que o mesmo seja observado radiograficamente em exames radiográficos de rotina, o que leva muitas vezes à indicação para remoção dos mesmos.

Por Leticia Thiesen

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