Tratamentos restauradores em HMI: Por que devem ser acompanhados?
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Certamente você já se deparou com algum paciente com a condição de HMI em seu consultório e possivelmente precisou realizar algum procedimento restaurador quando cavitado. Mas depois deste tratamento, você acompanhou o paciente? Sabe mesmo se houve alguma falha? Alguma fratura na área adjacente com HMI a restauração ou até do próprio material? Pois então, você sabia que isso pode ter grande relevância clínica para o seu sucesso? A literatura mostra que, em média, dentes acometidos por HMI precisam ser submetidos 10 vezes mais a tratamentos do que dentes com cárie. Portanto, devemos dar maior importância ao acompanhamento dos nossos tratamentos.

Desafios do tratamento restaurador em HMI

Primeiramente, diante de um caso de HMI, devemos analisar as características presente no dente como a coloração da opacidade, se há presença de cavitação, cárie associada ou sensibilidade. Além disso, a extensão e severidade da hipomineralização podem nos guiar a tratamentos mais invasivos como até mesmo planejamentos de exodontia e ortodontia. Esse quadro, que está no livro “HMI – Hipomineralização de Molares e Incisivos” exemplifica muito bem o planejamento para dentes posteriores além da leitura do post “HMI: como diagnosticar e tratar esses casos”.

Adaptado de: Livro HMI – Hipomineralização de Molares e Incisivos

Quando restaurar?

Tratamentos restauradores em molares hipomineralizados tem objetivo de controlar a sensibilidade, prevenir instalação de lesões cariosas e prevenir maiores perdas de estruturas dentárias. Podem ser desde selantes preventivos até mesmo uso de coroas, tidos como tratamentos mais definitivos.  Quanto mais escuras as manchas, maior a chance de fraturas, por isso, devemos planejar esses casos com maior cautela, visando tratamentos que conservem uma área maior de estrutura dentária.

Qual material usar?

Logo após diagnosticar um dente com HMI vem um outro desafio: qual material usar para restaurar essas cavidades? A literatura nos trás vários estudos sobre esse assunto. Deve ser sempre avaliado o melhor custo-benefício com base da condição específica de cada dente e expectativas dos pais e do paciente. 

Acesse esse post para ler um pouco mais sobre o artigo da IAPD na íntegra e alguns detalhes que a Professora Carla Pereira destacou no post “HMI: a famosa Hipomineralização Molar-Incisivo“.

Já está claro que há uma maior dificuldade de adesão em dentes afetados por HMI. Com isso, alguns estudos buscam protocolos, com base na comparação de materiais para definir qual seria o melhor material. Algo que devemos nos atentar é o mesmo princípio que usamos em restaurações de dentes com lesões de cárie, ou seja, a margem da restauração deve estar limpa e sadia para que haja adesão de um material restaurador.

O uso de materiais ionoméricos têm uma boa eficácia na maioria desses casos, controlando a sensibilidade e protegendo a estrutura dentária contra desgastes. Quando optamos por resinas compostas, as evidências mostram que adesivos autocondicionantes são mais propícios para essas condições. Lembrando que o acompanhamento dessas restaurações é fundamental.

Por que pode haver fratura do dente ao redor da restauração?

O grande desafio de manter margens sadias é a extensão da opacidade de esmalte e a plasticidade desse esmalte nessas regiões. Muitas vezes isso impossibilita um tratamento com materiais adesivos mais conservador. Com isso, o ideal para esses casos seria utilizar uma banda ortodôntica, coroas ou até a extração.

Já quando conseguimos alcançar uma margem sadia para restauração, ainda temos a chance dessa opacidade não ter sido totalmente protegida. Portanto, a chance de falha dessa restauração é alta e deve ser acompanhada mais frequentemente no consultório, chamando o paciente a cada 2 ou 3 meses. 

O que fazer para reparar essas falhas nos retornos?

Em todos os retornos do paciente, esses dentes com HMI devem ser minunciosamente avaliados. Devemos levar em consideração a sensibilidade do paciente, a presença de lesões de cárie associada e a extensão da fratura. Além disso, avaliar se essa fratura ocorreu na estrutura dentária ou na própria restauração.

Uma dica é ter um acompanhamento fotográfico desses dentes, além do prontuário bem detalhado. Para isso, você não precisa ter todo um equipamento profissional para fotografia. Leia os posts e indicamos você assistir o curso de fotografia odontológica da Professora Gabrielle Rauber.

Diagnosticada a falha da restauração, o que fazer: remover tudo ou reparar a falha adicionando material? A remoção de todo material nunca será o mais indicado para resolver a falha. Nesses casos a probabilidade de remoção de mais tecido sadio é alta, deixando o dente ainda menos resistente e aumentando a chance de comprometimento pulpar. 

Portanto, diante dessas reincidências de tratamento, optamos por adicionar mais material para proteger o dente.  Novamente, devemos avaliar a extensão do desgaste para optar pelo melhor custo-benefício para o paciente. 

Lembrando que os protocolos utilizando anestesias locais e isolamento absoluto têm um resultado muito bom nesses casos de HMI para otimizar ainda mais as propriedades dos materiais restauradores e evitar qualquer interferência de contaminação pela saliva, além de inibir a sensibilidade e dor do paciente durante todo o tratamento. 

Em resumo, dentes com HMI são sempre desafiadores e exigem conhecimento por parte dos profissionais. A atenção deve ser desde o diagnóstico, plano de tratamento, realização dos procedimentos até o acompanhamento frequente desses dentes. A decisão de quando restaurar e qual material utilizar pode influenciar muito no sucesso dos casos. Além disso, reparar pequenas falhas pode evitar que esses dentes sejam acometidos por lesões de cárie e preservar a estrutura dentária. Para o seu maior sucesso nesses casos, utilize os protocolos adequados e tenha um acompanhamento detalhado a cada 2 ou 3 meses desses pacientes!

Por Rafaela Hochuli.

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