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A apneia obstrutiva do sono (AOS) é caracterizada por repetidas obstruções das vias aéreas superiores durante o sono. Quando este bloqueio das vias aéreas superiores ocorre, a pessoa para de respirar por alguns segundos, é induzida pelo cérebro a um micro despertar, volta a respirar e dorme novamente – até que ocorra um novo bloqueio e todo o ciclo se repita.  Em casos graves esse ciclo pode se repetir mais de 30 vezes por hora! No texto de hoje iremos falar sobre as causas e a conduta terapêutica da apneia obstrutiva do sono em crianças.

A pessoa com apneia não dorme bem. Ponto.

Diversas são as causas que podem levar à essa obstrução das vias aéreas superiores durante o sono e elas são diferentes no adulto e na criança.

Causas da apneia do sono em crianças

A principal causa da apneia obstrutiva do sono em crianças é anatômica. Entre as alterações anatômicas que podem originar a AOS em crianças é possível citar hipertrofia dos cornetos nasais, alterações do septo nasal e, principalmente, hipertrofia de tonsilas palatinas e faríngeas.

Além dessas causas anatômicas, doenças neuromusculares – como paralisia cerebral e distrofia miotônica – podem levar a criança a apresentar AOS em virtude do baixo tônus muscular nas vias aéreas superiores e de um imperfeito controle da respiração pelo sistema nervoso central.

Anomalias craniofaciais como deficiência de terço médio da face e micrognatia – mais comumente associadas a síndromes – também podem atuar como protagonistas no desenvolvimento de AOS em crianças.

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Conduta terapêutica da apneia do sono em crianças

A principal causa da AOS em crianças, como falamos a pouco, é a hipertrofia das tonsilas palatinas e/ou faríngeas. Sendo assim, o principal tratamento é a adenotonsilectomia que, idealmente, deve ser seguida por uma terapia miofuncional realizada por um fonoaudiólogo especializado.

Isso não significa que a cirurgia por si só vá resolver o problema em todos os casos! Em uma grande parcela da população a cirurgia vai sim resolver o problema. Mas em alguns casos outras intervenções também se fazem necessárias.

Havendo persistência pós cirúrgica da AOS, fatores como obesidade, atresia maxilar e retrognatismo dos maxilares devem ser avaliados e devidamente tratados. E nesses aspectos é que entra a equipe multidisciplinar: nutricionista, odontólogo, fonoaudiólogo…

Apneia obstrutiva do sono

O uso de CPAP no paciente pediátrico

Outra possibilidade para o paciente refratário à adenotonsilectomia é o uso do dispositivo de pressão positiva contínua, o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure).

O CPAP, especialmente em crianças não sindrômicas, deve ser encarado como uma solução provisória. Pela maneira como é fixado na cabeça ele pode impedir o correto crescimento maxilar e gerar um retrognatismo maxilar – o que pode levar a um agravamento futuro da síndrome da apneia obstrutiva do sono. Além disso, a adesão das crianças ao uso do dispositivo é baixa. Estudos apontam que mesmo crianças acompanhadas por equipes multidisciplinares capacitadas, usam o CPAP por apenas 5hrs/noite, período certamente insuficiente para garantir um pleno desenvolvimento físico, emocional, intelectual e comportamental.

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Sendo assim, em crianças não sindrômicas, os outros fatores causais já abordados aqui devem ser corretamente tratados para que elas não precisem do CPAP por um longo período.

Diagnosticar e tratar corretamente a AOS em crianças é imprescindível! E os cirurgiões- dentistas precisam estar conscientes do seu papel fundamental tanto no diagnóstico quanto nas condutas terapêuticas de ortopedia dos maxilares que podem fazer parte do tratamento.

Referência: Padmanabhan, Vivek; PR, Kavitha; Hegde, Amitha M. Sleep Disordered Breathing in Children – A Review and the Roleof a Pediatric Dentist. The Journal of Clinical Pediatric Dentistry V35, N 1/2010.

Por Maíra Mery Rosa.

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Maíra Mery Rosa Rangel

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